Quote da Semana

"Se você vai tentar, vá até o fim.
Caso contrário, nem comece."

- Charles Bukowski.

Resenha: O Príncipe da Névoa por Carlos Ruiz Zafón.

Leia outras resenhas de livros do mesmo autor: A sombra do vento, O jogo do anjo, O prisioneiro do céu e Marina.

 " Há muitíssimo tempo, quando eu tinha a idade de vocês, o destino fez com que minha vida cruzasse com a de um dos maiores trapaceiros que já pisou nesse mundo. Nunca cheguei a conhecer seu verdadeiro nome. No bairro pobre onde eu vivia, todos os meninos da rua o chamavam de Cain. Outros preferiam chamá-lo de Príncipe da Névoa, porque, segundo diziam, sempre surgia no meio da  densa névoa que cobria os becos da cidade à noite e desaparecia antes do amanhecer, ainda no meio das trevas... Cada um podia formular um desejo, que ele realizaria. Em troca, Cain pedia apenas uma coisa: lealdade absoluta." pág.90

A nova casa dos Carver é cercada por mistério. Ela ainda respira o espírito de Jacob, filho dos ex-proprietários, que se afogou. As estranhas circunstâncias de sua morte só começam a se esclarecer com o aparecimento de um personagem do mal - o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo de uma pessoa, a um alto preço.

Toda época de lançamento de um livro do Zafón é tempo de felicidade, ansiedade e altas expectativas para mim. Com O príncipe da Névoa não podia ser diferente. Na verdade, foi uma curiosidade ainda maior, afinal esse foi o primeiro livro escrito por Zafón, um autor que, para mim, é um dos melhores da atualidade.

Ele só realmente foi aclamado, e conhecido mundialmente, depois do lançamento de A sombra do vento - que, obviamente, foi o primeiro livro dele traduzido para o português. Agora, como ele já tem uma grande quantidade de fãs a editora Suma de Letras está trazendo todos os seus títulos para o Brasil e garantindo mais dias de felicidade para mim.

O príncipe da Névoa é o primeiro volume de uma trilogia de livros infanto juvenil. Olha, isso que é literatura juvenil de qualidade.

Mas não se engane, isso não é uma leitura que só jovens vão gostar. Assim como Marina, isso aqui é boa literatura, e boa literatura não se limita a idades.

O livro começa quando o pai de Max decidi que seria mais seguro para sua família deixar a cidade e se mudar para um vilarejo litoral, um lugar onde será mais difícil a Segunda Guerra Mundial conseguir atingir. Assim, da noite para o dia a família Carver se muda para uma casa cercada de mistérios.

Uma casa que guarda uma história muito triste de um casal que perdeu seu filho, ainda muito jovem, para o mar. No entanto, as coisas não são assim tão simples.
Logo no primeiro dia na sua nova casa, Max descobre um cemitério de estatuas circenses assustadoras. Sua irmãs, Irina e Alicia, também começam a nota coisas estranhas. Escutam vozes e têm sonhos perturbadores.

Max logo faz um novo amigo, Roland. Seu novo amigo vai ensiná-lo a mergulhar, e mostrar um barco que afundou a muitos anos. Um naufrágio do qual somente um homem sobreviveu.
Esse homem construiu um farol, onde fica todos os dias observando o mar como se temesse algo.
Por meio dessa história Max vai conhecer outra história, a do Príncipe da Névoa. Um homem perigoso que parece ter poderes mágicos. Ele sempre percebe quando uma pessoa está desejando algo e aplica suas artimanhas nesse ponto fraco. Ele realmente consegue fazer com que o desejo da pessoa se torne real, mas cobra um preço muito alto por isso.

Max vai tentar desvendar os mistérios dessa história, mas mal sabe ele em que está se metendo. Quanto mais ele busca informações, mas perigosas e fatais as coisas se tornam.

Todos os livros do Zafón possuem uma atmosfera sombria combinada com: romance, um pouco de thiller, elementos sobrenaturais, histórias que levam a outras historias - e vão se complicado e ficando claras ao longo da narrativa como um quebra cabeça de quase infinitas peças.

O príncipe da Névoa possui uma atmosfera ainda mais sombria que os outros. Nesse essa sensação persiste o livro todo. Nos outros romances do autor não são todas as cenas que são tão sombrias. Nesse livro não consigo ver nenhuma que não seja.

A evolução do autor desse primeiro livro para seus mais recentes é notável. Não que esse seja inferior ou ruim, mas você consegue perceber que agora ele tem mais dominação da escrita e uma escrita bem mais poética. Ele já era um excelente escritor no seu primeiro livro, nos outros só conseguiu um aumento na qualidade.

Não é porque se trata de um livro "juvenil" que a história vai ser rasa. Ele sempre teve bastante criatividade. Nesse livro os mistérios são muito bons, ele consegue deixar pontas ótimas para uma continuação. Mas sabe dosar isso, esse livro não deixa só perguntas, ele também responde algumas coisas.

Pude notar que seu dom para descrever cenas sempre foi bom. Você consegue visualizar o livro todo. Só a narrativa que é um pouco menos poética, se comparada aos seus livros mais atuais. O que acho que combinou com o livro, por ser juvenil.

A editora também está de parabéns, manteve o mesmo estilo dos outros romances do autor - capa, diagramação. Como sempre, a tradução está excelente. Espero que eles não demorem para lançar os outros dois volumes da trilogia.

É um ótimo livro. Com ele percebi que Zafón nunca será menos  que excelente - e todos os outros adjetivos bons que você tiver em mente. Não consigo apontar nenhum defeito. Tenho certeza que se você gosta do autor não vai se decepcionar.

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Assista ao book trailer:



"  - A diversão é como o ópio: nos tira da miséria e da dor, embora seja tão fugaz." pág.96

" - O tempo não existe, por isso não se deve perdê-lo." pág.96 

" Agora sabia que as lembranças que o acompanhariam em seus últimos anos de vida seriam apenas fantasias de uma biografia que nunca pôde viver." pág.122

"  - O tempo, meu caro Max, não existe: é uma ilusão. Até o seu amigo Copérnico teria descoberto isso se tivesse tido tempo, justamente. Irônico, não é mesmo?" pág.162

" Quando chovia forte, Max tinha a impressão de que o tempo parava. Era como uma trégua, na qual todos podiam largar o que estavam fazendo no momento e simplesmente chegar à janela para contemplar, durante horas a fio, o espetáculo daquela cortina infinita de lágrimas do céu." pág.44

Um comentário

  1. aaaaah, Xára, Zafón é demais!
    Tirando esse que ainda não li, mas pretendo fazer assim que adquirir o livro, sei que vou amar, li todos os outros que foram lançado no Brasil, o meu preferido até agora é A Sombra do vento s2
    Beliscões carinhosos da Máh-
    Felicidades nos Livros
    @Maaria_Silvana

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